Uma das principais obras do romance de 30 – que tem como referência os problemas sociais vividos pela população brasileira historicamente despossuída e desconsiderada – Vidas Secas trata da caminhada de uma família de sertanejos através da aridez da caatinga em busca de trabalho e sustento.
Fabiano, Sinhá Vitória, os dois meninos – o mais velho e o mais novo -, além da cachorra baleia, são representados pelo alagoano Graciliano Ramos de forma a identificar e transmitir seus problemas e seus desejos.
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Nesta representação, temos a brabeza de Fabiano, vaqueiro responsável pelas decisões oficiais da família. Sempre indagando se é mais humano ou animal, encarando as opressões do soldado amarelo, que o levam a experimentar a cachaça como remédio para coragem.
Os pensamentos de Sinhá Vitória, mulher esperta e trabalhadora, sempre indagando sobre suas condições e seu papel na vida da família, esperando ativamente o dia em que poderá ter uma cama decente, além de fazer as contas da família.
O menino mais velho é o curioso e sempre disposto a aprender novas palavras, contudo sofre com a escassez do meio em que vive, onde tanto a comida como os significados das palavras, como “inferno”, não lhe são garantidos.
Já o menor, sonha em ser brabo como o pai, ao ponto de tentar sempre antecipar o dia em que poderá montar os animais e continuar o ofício de seu maior exemplo.
Baleia, a cachorra e maior companheira do menino mais velho, também tem suas indagações, mesmo que diferente às dos humanos, já que pensa mais em preá do que qualquer outra coisa.
Assim o romance se desenvolve, mostrando a situação dessa família esquecida, isolada da sociedade e da natureza pelas cercas da propriedade privada do dono que os exploram.
Ainda traz os conflitos dos personagens nos momentos em que estes vão à cidade, cheio de vergonha por suas roupas e estudos insuficientes àquela sociedade.
Entre percepções e indagações de suas realidades e desejos, “os condenados do diabo” devem continuar sua andança, fugindo da seca, à procura de novas palavras e sob a grande dúvida: no céu tem preá?
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Graciliano Ramos
Vidas Secas
144ª Edição
Rio de Janeiro, Editora Record
2020
9788501114785
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